23.10.03

O pior: O relatório confirma Portugal como o segundo país da UE com maior número de consumidores portadores do vírus da sida, logo a seguir à Espanha, e um dos países com maior número de toxicodependentes (entre 60 e 10 mil). Existem 6 a 10 casos de consumidores problemáticos em Portugal (consumo de droga injectada ou consumo prolongado/regular de opiáceos, cocaína ou anfetaminas) por cada mil habitantes com idades entre os 15 e os 64 anos de idade. Portugal surgia citado no relatório anterior com uma variação entre 60 a 100 mil consumidores problemáticos. Fernando Negrão, presidente do Instituto da Droga e da Toxicodependência, em entrevista à TSF no último sábado, afirmou existirem 30 mil dependentes de heroína em Portugal. [...]
Número de consumidores em tratamento na UE e Noruega
Países 1997/1998 2001/2002
Portugal 2324 12863
Fonte OEDT

21.10.03

Viagra chegou há cinco anos a Portugal: Durante toda a década de 90, os investigadores tentaram desbravar os segredos por trás da disfunção eréctil. Que mecanismos esconde um mal que afecta, só em Portugal, cerca de 500 mil homens?

17.10.03

Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza: A pobreza em Portugal estacionou. Embora os bairros de barracas tendam a desaparecer da paisagem nacional, poucas alterações houve no perfil da pobreza e o fenómeno está longe de ser erradicado: um em cada cinco portugueses (cerca de 21 por cento da população) é pobre e os idosos pensionistas continuam a ser o grosso do problema. Os imigrantes e as minorias étnicas são novas categorias de pobres em forte expansão [...]
Com políticas como o Rendimento Mínimo Garantido, o crescimento do salário mínimo acima dos níveis de inflação, o aumento das pensões mais baixas e o Programa Nacional de Luta Contra a Pobreza, Portugal conheceu uma diminuição da taxa de pobreza na segunda metade da década de 90: em 1995, 23 por cento de portugueses tinham um rendimento inferior ao limiar de pobreza (cerca de 350 euros); desde 1998 até 2000 (o dado mais recente) estacionou nos 21 por cento. Ainda assim, seis pontos acima da média europeia, indicam os dados do Eurostat publicados este ano.
Mas o que se esconde detrás dos números? A visibilidade dos novos pobres aumentou - com o grupo dos imigrantes e minorias étnicas -, mas é a pobreza tradicional que continua a marcar a sociedade portuguesa. Cerca de 30 por cento dos pobres portugueses são idosos pensionistas, cerca de sete por cento são empregados de baixo rendimento, duas categorias de pessoas que passam dificuldades pelo atraso estrutural que continua a caracterizar o país

16.10.03

Uma em cada três crianças em Portugal sofre de obesidade: Uma em cada três crianças portuguesas já sofre de obesidade, o que coloca Portugal entre os primeiros lugares da lista dos países europeus com maior incidência da doença.
De acordo com os dados da International Obesity TaskForce (IOT), o excesso de peso é a doença infantil mais comum na Europa, com uma prevalência assustadora em crianças com idades próximas dos dez anos. Itália é o país com mais miúdos obesos - 37 por cento - , mas Portugal não fica muito atrás, com uma taxa que ronda os 34 por cento. Na população adulta portuguesa, estima-se que a obesidade atinja 13 por cento dos homens e 15 por cento das mulheres.
Nos últimos quatro anos, os portugueses gastaram mais de 32 milhões de euros com um único medicamento contra a obesidade, proporcionando um lucro surpreendente à indústria farmacêutica. Desde que o Xenical, conhecido como o Viagra dos gordos, chegou ao país, mais de 180 mil pessoas fizeram tratamento com o fármaco, deixando nas farmácias 32,2 milhões de euros, disse à Lusa fonte dos laboratórios Roche, que comercializa o remédio.

13.10.03

"Portugal tem muito mais mortalidade por cancro do que qualquer outro país da Europa comunitária" [entrevista a Sobrinho Simões, Prémio Pessoa 2002, professor catedrático e director do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto (Ipatimup)]
PÚBLICO - Que dados existem acerca do surgimento de novos casos de cancro em Portugal?
Sobrinho Simões - É importante ter a noção de que nós não temos mais cancro do que os outros países da Europa comunitária. Em média, até temos um bocadinho menos... Por ano, surgem cerca de 19 mil a 20 mil novos casos nos homens e 16 mil a 17 mil na mulher. E têm a mesma distribuição que têm os cancros na Europa civilizada.
A mulher tem muito cancro da mama (de longe o mais importante na mulher), depois tem muito cancro do cólon e recto e muito do estômago. Em Portugal ainda tem pouco cancro do pulmão.
Nos homens encontra-se, primeiro, o cancro do cólon e recto, depois o do pulmão e a seguir o do estômago. São os três grandes cancros mortais. Se considerarmos os cancros 'pequeninos', o da próstata surge antes de alguns destes. Ou seja, não só não temos mais cancro como a distribuição é a esperada.
P. - Então o que é que distingue Portugal do resto da Europa?
R. - A única diferença que há entre nós e os outros países da Europa civilizada é que continuamos a ter muito mais cancro de estômago do que eles.
Por enquanto, as mulheres ainda são menos afectadas pelo cancro do pulmão mas, mais cedo ou mais tarde, os casos irão aumentar - elas são menos sensíveis às campanhas de dissuasão, que funcionaram bem para os miúdos, no que respeita ao consumo de tabaco. E a verdade é que, para a mesma quantidade de tabaco e para o mesmo peso, a mulher tem mais risco de desenvolver cancro do pulmão do que o homem. Por razões que têm a ver com a sua própria biologia.
P. - A situação, em Portugal, é preocupante?
R. - Preocupantíssima. Portugal é o único país [da Europa comunitária] onde a mortalidade subiu 16 a 17 por cento nos cancros do homem. Nos da mulher, cresceu dois a três por cento. Como em todos os outros países a mortalidade reduziu, isto é assustador.

10.10.03

Portugal tem os trabalhadores com menos habilitações entre os 25 países da futura União Europeia (UE), segundo um relatório da Comissão Europeia divulgado ontem em Bruxelas. O relatório sobre o "Emprego na Europa 2003", que inclui pela primeira vez a situação nos dez países que vão aderir à UE a 1 de Maio de 2004, confirma, ainda, que o Portugal mantém os salários mais baixos dos Quinze.
Segundo o documento, 78,0 por cento da população portuguesa em idade de trabalhar (entre os 15 e os 64 anos) tem um nível "baixo" de formação educacional, o que corresponde a mais do dobro da média dos 25 países (36,6 por cento). Os trabalhadores portugueses com um nível "médio" de qualificações são 14,1 da população com idade de trabalhar, enquanto apenas 8,0 por cento tem um nível "elevado", o que coloca o país na cauda da Europa. Nesta classificação, a seguir a Portugal vem a Espanha com 57,2 por cento de nível "médio" (22,5 de nível "elevado"), a Itália com 56,0 (8,8), a Grécia com 47,0 (14,9) e a Bélgica com 41,8 (24,7).
Os países que vão aderir à UE no próximo ano, apesar de terem um reduzido grau de desenvolvimento económico, muito inferior ao português, têm um nível educacional muito mais elevado, encontrando-se a maioria da sua força de trabalho classificada nos níveis "médio".
O relatório também aponta Portugal como o Estado-membro da actual UE (Quinze) onde os salários são mais baixos. O salário bruto mensal médio na indústria e serviços variou, em 2000, entre 950 euros em Portugal e 3,000 no Reino Unido e Dinamarca. Esta diferença é reduzida se for expressa em paridade de poder de compra (PPC) sendo a variação dos salários europeus de 1,300 euros em Portugal e 2,760 na Dinamarca.
Portugal está, por outro lado, perto dos níveis definidos pela "estratégia de Lisboa" para os níveis de empregabilidade com 68 por cento da sua população em idade de trabalhar empregada, próximo do objectivo de 70 por cento definido para 2010. Os valores "objectivo" definidos em Lisboa, em 2000, foram mesmo ultrapassados no emprego das mulheres (60,8 por cento para um objectivo de 60,0) e trabalhadores mais velhos (50,9 por cento para um objectivo de 50,0). "Uma mão-de-obra adaptável e qualificada, com acesso à formação, perspectivas de carreira, mobilidade profissional, organização flexível do trabalho e segurança de emprego é essencial para o aumento da produtividade na Europa e enquanto factor de criação de emprego e elevadas taxas de actividade", esta é a conclusão da Comissão Europeia.

8.10.03

Portugal é o terceiro país mais corrupto da União Europeia: de acordo com o mais recente relatório da Transparency International sobre a percepção da corrupção em mais de 100 países, divulgado ontem, Portugal é o 25º país menos corrupto da lista. Acontece que, analisados os dados por regiões, isolando a União Europeia do resto do mundo, percebe-se que a classificação não merece aplausos. Atrás de Portugal, entre os estados-membros, estão apenas a Itália e a Grécia.
[repararam na nuance entre título e texto? É que se trata da percepção sobre a corrupção e não ela mesma...]